terça-feira, 26 de março de 2013

BOLO CUCA DA VÓ DÓCA


Por que só amadurecemos realmente na maturidade?
Paradoxo para você? Pode ser, mas para mim chega a ser uma pergunta com um certo peso de culpa.
Vou voltar um pouquinho à infância e talvez você compreenda o que quero dizer.
Sou neta de Belminda Adelaide de Andrade Costa, uma das mulheres mais fortes, corretas e de bom coração que sei da existência.
Patriarca da família (você leu certo...patriarca mesmo), ficou viúva cedo. 
Com ela vivemos toda a nossa infância e parte da adolescência no casarão de batentes largos e pé direito alto, até que em 1970 ela se foi sem aviso prévio, vitimada por um infarto fulminante. 
Com ela aprendemos que "pagar uma conta é melhor que comer um frango".
Correta em suas ações, principalmente comigo que era a levada da breca, mas de um coração maravilhoso e sensível. Cozinheira de mão cheia (mão cheia mesmo, pois suas receitas eram sempre: um prato fundo de tal coisa, um pires daquela outra, uma mão cheia daquilo, uma xícara disso), sua partida súbita impediu-me de aprender muita coisa que só o tempo ensinou, mas mais do que isso, impediu-me de dizer o quanto ela era importante e amada por todas nós.
Enfim, a vida não perdoa...ensina! E é por isso que faço-me a pergunta inicial sempre.

Ah, Vó Dóca, eu lamento tanto não ter-lhe feitos mais carinhos...

Mas, se de tudo fica um pouco, ficou seu exemplo de caráter e sensibilidade.
Das coisas palpáveis, pouco restou, mas o que tenho é precioso demais.
Um projetor 16mm, um acróstico lindo e uma cadeira de balanço.
A receita? Ah, a receita! Essa consegui através de uma sobrinha neta dela, a Carlinha, que mora distante. 
Obrigada, Carlinha, você nem imagina o presente que me deu!


BOLO CUCA DA VÓ DÓCA


Ingredientes

Massa

2 ovos
2 xícaras de açúcar
2 colheres (sopa) de manteiga
2 xícaras de leite
4 xícaras de farinha de trigo
2 colheres (sopa) de fermento em pó

Farofa

5 colheres (sopa) de açúcar
4 colheres (sopa) de farinha de trigo
1 colher (sopa) de canela em pó

Modo de Fazer
(do jeitinho que ela deixou)

Bata as claras em neve, junte as gemas.
Em seguida o açúcar e bata bem.
A seguir coloque o trigo e o leite fervido com a manteiga.
(Nota da autora: não esqueça o fermento)

Forma untada, farofa por cima.


Fiz o bolo de noite. Comi quente, pois não aguentava esperar para matar a saudade da Vó Dóca. Assim que esfriou, cobri depressa antes que não sobrasse pra contar a história.



Quando ela escreveu esse acróstico para mim eu tinha apenas 12 anos.

Riso, flores e carinho.....

Vó Dóca recebendo um prêmio por suas poesias


Consegue sentir o cheirinho de canela? 
É cheirinho de Vó!

12 comentários:

  1. Edna que coisa mais gostosa esse seu blog, essa foto com a máquina antiga é de tirar o chapéu, a cuca então vou ter que fazer , pois não parei mais de salivar desde que vi. E essa poesia da vovó pra vc que coisa mais rica. Realmente tem coisas nessa vida que não tem preço!!!

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    1. Denise, não tem coisa mais gostosa do que ler uma mensagem como a sua. Sem carinhos como esse eu não teria tanto tesão em fazer esse Blog.
      Ah.... isso é bom demais!

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  2. Edna que texto mais lindo, e esse acróstico então me emocionou muito. Adorei o caderninho, que doce lembrança.
    Linda homenagem amiga, Que herança mais preciosa ela te deixou.
    E o bolo com certeza deve ser uma delícia.
    Grande beijos!

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    1. Isabel, eu lembro que quando ela fez esse acróstico pra mim ela levou horas me explicando "traz colhendo as braçadas" porque eu não entendia....kkkk
      Realmente, ela era linda demais. Minha mãe separada numa época em que discriminavam as mulheres desquitadas. As duas de cabeça erguida criando a gente. Minha mãe dava aulas de manhã e de tarde e nós ficávamos com ela.
      Duas mulheres de tirar o chapéu!

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  3. Que coisa mais linda que saudades me deu da minha vo Maria Luisa Lencioni que nos deixou em 03/2006
    A letra dela era igual a da sua vo, exatamente igual até os numeros , que saudades, amanha vou fazer essa cuca !!! beijos

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    1. Narezi, que coisa boa é provocar essa nostalgia nas pessoas.
      Lembrar de antepassados amados é reverenciá-los.
      Literalmente, sem eles não seríamos nada, né? rsrs
      Coma um pedaço de cuca por mim. Quero participar desse seu lindo momento.
      Um grande abraço!

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  4. Oi, Mana Edna!

    Que lindo e verdadeiro tudo o que você escreveu! Realmente, a Vó Doca foi maravilhosa para nós! Sinto saudades dela e da mamãe até hoje!
    E a casa dela? Que delícia morar lá! Enorme, movimentada! Aquele piano na sala, as visitas, os amigos lá...Éramos felizes e realmente não sabíamos!Mamãe dava aula cedo, à tarde e à noite fazia faculdade! E a vovó era como um anjo cuidando de nós!
    Obrigada pelas recordações e um beijo em seu coração!

    Mana Beth

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    1. Mana, Vó Dóca devia ter mesmo uma paciência de Jó.
      Eu não era fácil! Levada da Breca, mas vejo hoje que são arteirices saudáveis.
      Não tínhamos maldade. Se eu roubava alguma coisa, era só goiabada! rsrsrs
      Sabe do que tenho saudade? Do escorregado!
      Ainda vou postar a receita aqui.
      Te amo, Mana Beth!

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  5. Edna,é um prazer ler o que vc escreve,gostoso demais....Cheguei a ver a casa onde sua avó morava, e sentir o aroma do bolo Cuca...Que alegria sua ter estas recordações tão lindas.O acróstico não precisa de comentários....ela delineou o seu perfil.Bela homenagem a essa avó tão querida.Abraços!
    Lucy.

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    1. Lucy, tenho saudades daquela casa.
      Ela era alegre. Sempre cheia de amigos!
      Parece que estou vendo o Zé Alfredo sentando-se ao piano e dizendo: Eunice, olha a música que foi lançada...e tocando lindamente Eu sei que vou te amar do Tom Jobim.
      Ah, realmente foram anos dourados!

      Beijo enorme, amiga.

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  6. Quanta pureza, quanta beleza...que gostosura ler e saborear tudo isso...Não tem como não amar por todo vida...Bjinhos Edna.


    Mara Lucia

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  7. Amei esse bolo, vou fazer, mas quero saber a marca dessa assadeira com tampa, amo essas coisas praticas...
    Grande abraço marlene

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